5 indústrias que serão impactadas pela legalização da maconha

Com países legalizando o uso recreativo ou medicinal, a maconha promete mudar as indústrias desde alimentos e saúde, até construção e mercado financeiro
Polêmicas à parte, a maconha tem se tornado legal em muitos países, criando uma verdadeira indústria. De acordo com a pesquisa da BDS e da Arcview Market, consultorias da área, o mercado da cannabis atingirá o valor de US$ 32 bilhões até 2022 – o triplo do valor estimado atualmente. Países como Uruguai e Canadá liberaram o uso da maconha, além de diversos estados dos Estados Unidos (EUA).
Seja qual for o caso, o relatório da consultoria CB Insights mostra quais indústrias serão impactadas – e muitas delas já estão de olho neste mercado.
Alimentos e bebidas
Caneca com cerveja de maconha da Province Brands (Foto: Reprodução/Facebook Province Brands)
Comidas e drinks com cannabis têm se expandido pelos EUA. Três de cada quatro chefs de restaurantes concordam que esses tipos de alimentos e bebidas são a nova tendência na gastronomia, segundo pesquisa da Associação Nacional de Restaurantes e da Federação Americana de Culinária.
A indústria de bebidas e tabaco têm estudado incorporar a substância em seus produtos. A Diageo, responsável por marcas como Smirnoff, Johnnie Walker e Guinness, tem discutido parcerias com três produtores canadenses de cannabis. A Philip Morris, responsável pela marca Malboro tem uma patente para melhorar os sistemas de plantações de maconha.
Produtos
óleo do canabidiol (CBD), o qual não causa nenhum efeito psicodélico, ainda é usado em diversos produtos para diminuir a dor, ansiedade e depressão. Além de conter fatores anti-inflamatórios e contra a acne. Atletas, por exemplo, usam o óleo para reduzir as dores pós-exercícios e até para promover o crescimento muscular. Você ainda encontra maquiagens e produtos de beleza com essa substância, em rímeis e cremes de rostos. A Sephora conta com diversos desses produtos nas suas lojas.
Saúde
A possibilidade para o uso medicinal da maconha, que está sendo discutida em diversos países inclusive no Brasil, ainda tem movimentado o setor de saúde. O canabidiol (CBD), um dos princípios ativos na maconha, tem sido foco dos pesquisadores para o uso da substância no tratamento de doenças como epilepsia, câncer e ansiedade. O uso terapêutico da maconha tende a crescer. Mais de 100 canabinóides foram encontrados na planta e com o avanço das pesquisas, podem ser encontrados novos usos médicos com essas substâncias.
Cientista trabalhando com maconha (Foto: Hero Images via Getty Images)
Consequentemente, a indústria farmacêutica também deve ser impactada. Para ser mais exato, US$ 4 bilhões podem ser injetados no mercado por ano, segundo estudo da Universidade da Geórgia. Muitas empresas já estão incorporando a cannabis nas estratégias dos seus negócios. A Sandoz Canada, braço da Novartis, anunciou parceria com a Tilray, produtora canadense de maconha – a primeira afiliação entre um produtor de maconha e uma empresa farmacêutica. A GW Pharmaceutical, líder global de desenvolvimento de medicamentos baseados em canabinóides, ganhou aprovação da Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (sigla em inglês: FDA), para o seu remédio Epidiolex.
Melhores noites de sono também podem ser conquistadas com remédios à base de CBD. A empresa norte-americana Mellowment criou um remédio que combina esse princípio com melatonina e camomila.
Até os pets já são tratados com remédios com baixas doses de CBD. Óleos, biscoitinhos e cremes com essa substância ajudam a controlar doenças como artrite, ansiedade, convulsões e dor.
Serviços
Com mais países e estados legalizando o uso da maconha, as leis deverão ser interpretadas tanto para os consumidores como as empresas. Advogados especializados em casos envolvendo a maconha poderão aconselhar nas mais diversas áreas, como estratégias de propaganda dos negócios, até os níveis de consumo permitido.
Os bancos também têm oportunidade de negócios. As empresas de maconha sofrem com restrições de bancos tradicionais para conseguir empréstimos ou abrir contas bancárias em países onde o seu uso ainda é ilegal. Nos EUA, mais de 400 bancos locais e uniões de crédito têm clientes no ramo da maconha. O número é o triplo de unidades de 2014. As criptomoedas também se tornaram boas alternativas para as transações das empresas de maconha. A empresa Düber está planejando uma criptomoeda chamada dübercoin para permitir transações mais eficientes entre os consumidores de cannabis e as empresas.
As empresas de cannabis também já tem se aventurado no mercado digital. O site Meadow permite que os seus usuários consigam prescrições para o uso terapêutico da marijuana por meio de chats em vídeo. Depois, eles podem fazer o pedido e buscar nas lojas mais próximas. O e-commerce canadense Shopify tem feito o movimento contrário. A empresa tem feito parcerias com empresas de maconha locais, como a Ontario Cannabis Retail, para ajuda-las a vender online.
Materiais
Enquanto os produtos de óleo de CBD são atualmente o maior mercado para produtores de cânhamo, uma variedade da planta cannabis, nos EUA, mais de 25 mil outros produtos podem ser feitos de cânhamo, incluindo alimentos, tecidos, materiais de construção, etanol e biodiesel.
O cânhamo, por exemplo, pode ser usado para substituir o concreto. As fibras da madeira da planta do cânhamo, junto com lima e água, criam o concreto que pode ser usado para isolamento e drywall. O cânhamo ainda pode ser cultivado nos mais diferentes solos sob diferentes temperaturas. Essa flexibilidade o torna um bom produto para os agricultores.
Além disso, essa variedade da planta da maconha tem características mais sustentáveis. Plantações de cânhamo ajudam a eliminar os poluentes do solo e economizar água, já que é “uma das culturas mais tolerantes à seca do planeta", segundo a Associação Nacional do Cânhamo. Um acre da produção de papel de cânhamo também resulta no quadruplo produzido pela indústria de papel tradicional. O Best Practices Packaging, uma empresa de embalagens eco-friendly do Alasca, está trabalhando com a Penta5 para criar um produto com essa substância que seja biodegradável como alternativo ao plástico.
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